O judaísmo é o berço do cristianismo e este pensamento parece
não ser contestados entre os cristãos, ao passo que o próprio Jesus é
considerado um personagem judeu. E na cultura hebraica a Dança tinha um traço
muito forte, pois simbolizava alegria, euforia, vitória e louvor. Temos algumas
passagens como a de Miriã, irmã de Moisés dançando após passar pelo mar
vermelho (Ex. 15.20) e o próprio Rei Davi dança em comemoração ao retorno da
Arca do Senhor para Jerusalém(II Sm 6. 14-16), os salmistas nos convidam a
dançar(Sl 150.4) e até o próprio Jesus condena a apatia dos religiosos de sua
época em relação aos momentos da vida:
“E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não
chorastes.” Mateus 11:17 Mas o que aconteceu? Por que a dança
fora expulsa do sagrado?
Acho que uma passagem dos evangelhos
pode nos ajudar nesta reflexão:
“Festejando-se, porém, o dia natalício de
Herodes, dançou a filha de Herodias diante dele, e agradou a Herodes. Por isso
prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse; E ela, instruída
previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João o
Batista.” Mateus 14:6-8
Nesta
passagem, a dança é usada de uma maneira negativa, para seduzir um líder e o
conduzir a um homicídio de um homem de Deus. Devido à influência de outras
culturas, dentre as quais destaco a grega, a dança ganhou uma conotação de
sensualidade e erotismo, sendo assim a igreja não soube lidar com a situação e
como num dito popular, “Jogou junto com a água suja a criança fora.” Hoje em
dia, a dança vem retornando aos poucos aos nossos átrios e deram-na até um cor
de nome, coreografia, conheço algumas igrejas que colocam na sua ordem
litúrgica o seguinte nome, louvor coreografado ou teatro coreografado. Afinal a
palavra dança ainda causa arrepio em alguns religiosos.
Creio,
particularmente, que nosso principal problema é o de maturidade, entre o saber
discernir entre o bem e o mal ( Hb. 5.14).
Pois até a dança sensual tem sua sacralidade assegurada quando é feita
no ambiente certo, na intimidade entre dois amantes casados. E temos que aprender a
diferença entre alegria e sensualidade, e aplicar cada dança ao seu tempo
oportuno (Eclesiastes. 3). Eu danço, ainda que comedidamente, pois os bancos de
nossas salas de reunião não nos favorecem. Mas "eu tenho um sonho", em que um dia todas as pessoas poderão dançar
livremente como expressão de louvor e alegria na presença de Deus. Em minha
opinião estamos avançando para este tempo. “Aquele que salta pelos montes” (Cânticos
2.8) está providenciando isso!